GETULIO VARGAS ESTUDANTE, ADVOGADO E POLÍTICO REGIONAL(ATÉ 1930)

Eça de Queiroz (1845-1900). Os Maias; episodios da vida romantica. 2. ed. Porto: Livraria Chardron, [1888]. 2 v., il.; 19 cm.

Assinatura na página de rosto, v. 1: Getulio Dornelles Vargas 29-5-905, sobre outra, ilegível ([...] Baptista [...]). Na mesma página, outra caligrafia: P. Alegre, 18 Junho 1901.

Esse é dos pouquíssimos exemplares na Biblioteca do Museu da República onde se encontra Getulio assinando “Dornelles” em seu nome. Documentos comprovam que, até pelo menos 1908, no cargo de 2º. Promotor de Porto Alegre, Vargas assim assinava seu nome.

Rubrica na falsa página de rosto, v. 2: GDVargas 29-5-905. Na página de rosto deste volume há uma assinatura apagada e “P. Alegre, 18 Junho 19[...] com a mesma caligrafia do v. 1.

Dentro do volume 2 foi encontrada fotografia como cartão postal enviada por avião por [...] para Candida V. Hamilton c/o Mr. Mrs. A. Peixoto Rua Visconde de Albuquerque 1125 Rio de Janeiro R. J. Leblon Brasil/S. A.: Saudade + Happy Birthday – Photo done in the fields in front of Amagansett House August 1-10 in Canada – visiting friends. Sept. 7 in Amagansett – When are you coming N. I.? Love [...], em tinta vermelha. Em tinta preta (como no destinatário): A big kiss for Alexandra.

Raffaele Garófalo (1851-1934). Criminologia; estudo sobre o delicto e a repressão penal ... seguido de um appendice sobre os termos do problema penal por L. Carelli. São Paulo: Teixeira & Irmão – Editores, 1893. [4], VIII, XXIV, 549, [3] p.; 23 cm. (Bibliot. Juridico-Social, 1).

Assinatura na página I/Índice: Getulio DVargas 12-9-905.

“Quase todos os livros clássicos, comprados por êle entre 1907 e 1911, tinham na fôlha de rosto a data de aquisição e sua assinatura. Ligeiramente diferente da atual, um pouco mais elaborada, era, ainda a assinatura de um homem em busca de seu destino. Homero, Júlio César, Confúcio, Shakespeare, Taine, Flaubert, Zola, Anatole France, Fialho de Almeida, Euclides da Cunha, Machado de Assis, estavam em petição de miséria. Já nos livros de Direito, entre os quais pontificavam Ferri, Alimena, Lombroso, Sighele, Gide, Von Iehring, igualmente danificados, a assinatura perde os rabiscos supérfluos. Sòmente em 1930 assume a forma simples e definitiva, de quem aceita e se conforma” (Alzira Amaral Peixoto, 1960, p. 88).

Talvez seja a assinatura de Vargas mais antiga em livro na Biblioteca do Museu da República, juntamente com o livro acima Os Maias, de Eça de Queiroz.

O autor foi professor universitário, jurista e criminologista italiano.

Xavier Francotte (n. 1854). L´Anthropologie Criminelle. Paris: Librairie J.-B. Baillière et Fils, 1891. VIII, 9-368 p., il.; 19 cm. (Bibliothèque Scientifique Contemporaine).

Dedicatória na folha de guarda: Á lucida intelligencia do Getulio Vargas, no dia em que concluiu brilhantemente o seu terceiro anno do curso juridico. Porto Alegre, 30 Novembro 1905. Ezequiel Ubatuba.

Secretário do Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul (cujos estatutos foram publicados em 1908) e oficial de gabinete do governador Carlos Barbosa em 1909, Ubatuba foi também membro da Academia de Letras do Rio Grande do Sul em 1910.

Ernest Haeckel (1834-1919). Les Énigmes de l'Univers. Paris: Schleicher Frères & Cie Éditeurs, [s.d.]. [4], IV, 460 p.; 20 cm.

Dedicatória na falsa página de rosto: Ao Getúlio Vargas, saudando o seu futuro de gloria intellectual, off. o amº La Hire Guerra 19-9-906.

La Hire Guerra, colega de Faculdade de Getulio, foi presidente do TRE do Estado do Rio Grande do Sul de 1936 a 1937, e 14º Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do mesmo Estado, entre 1937 e 1945.

Augusto Graziani (1865–1944). Instituzioni di Scienza delle Finanze. Torino: Fratelli Bocca Editori, 1897. [viii], 715, [1] p.; 25 cm.

Dedicatória na página [v]: Ao distincto collega e amigo Dr. Getúlio Vargas offerece Teixeira de Andrade. 2 [...] 1909 – Porto Alegre.

Teixeira de Andrade foi assistente de acusação em processo onde Getúlio Vargas era promotor público no Rio Grande do Sul, cargo para o qual o futuro presidente da República foi promovido em 1908 e ficou até 1909.

Paul Gaultier (n. 1872). Leçons Morales de la Guerre. Préface de Louis Barthou. Paris: Ernest Flammarion, Éditeur, 1919. [6], v, [1], 258, [2] p.; 19 cm.

Dedicatória na página I: Ao Getulio, affectuosamente, o João Pinto da Silva 7-11-922 P. Alegre.

Gustav Cassel (1866-1945). La Monnaie et le Change après 1914. Paris (Ve): Marcel Giard, 1923. XXII, 7-320 p.; 22 cm.

Dedicatória na p. V: Ao Getulio lembrança do [...] Peixoto Out. 26/26.

Ao observarmos as assinaturas deste e do próximo livro, dedicados pela mesma pessoa a Getulio, reparamos os três pontos característicos da Maçonaria, embora os rosacruzes também façam uso do mesmo sinal gráfico.

George-Edgar Bonnet (n. 1881). Les Expériences Monétaires Contemporaines. Paris: Librairie Armand Colin, 1926. [4], 218, 8 p., il.; 19 cm. (Collection Armand Colin, 91).

Dedicatória na página 1: Ao Getulio amigo, lembrança do [...] Peixoto B. Aires-junho/27.

Augusto Comte (1798-1857) Apelo aos Conservadores. Tradução de Miguel Lemos.Rio de Janeiro: na Séde Central da Igreja Pozitivista do Brasil, 1899. XXXV, [1], 250, [2], [4], 107, [1] p.; 21 cm.

Dedicatória na p. [I]: Ao distincto Amigo e Concidadão Dr. Getulio Dornelles Vargas. É com intenção as mais assignaladas tradições cívicas hoje galhardamente reaffirmadas pelo querido Rio Grande do Sul, que, regozijante e ufano, vos faço a entrega deste incomparável opusculo, onde se encontra revelado o “segredo” da digna autoridade governamental e bem assim da almejada liberdade espiritual e da nobre fraternidade universal, triplice garantia da necessaria conciliação da Ordem com o Progresso, fundada no Amor. Sirva esta offerenda também como um despretencioso signal de amizade, da veneração, e de devotamento. Rio de Janeiro, 25 de Novembro de 1927. Benjamin Floriano S. Barradas. 144, Rua Mena Barreto, Botafogo.

O autor da dedicatória foi engenheiro e viveu no Rio de Janeiro.

José Bento Monteiro Lobato (1882-1948). Mister Slang e o Brasil; colloquios com o inglez da Tijuca. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1927. 178, [2] p.; 20 cm.

Dedicatória na p. [1] inicial: Ao Dr. Getulio Vargas, um homem de bem, off. M. Lobato.

A Monteiro Lobato é atribuído o pioneirismo na exploração de petróleo no Brasil. Com a publicação de O Escândalo do Petróleo, em 1936, o autor claramente acusava Vargas de não perfurar poços e não permitir que ninguém o fizesse. A edição de cinco mil exemplares se esgotou em um mês e acabou confiscada pelo governo no ano seguinte. Essa talvez não tenha sido a primeira ocasião de muitas que separariam o escritor do presidente, pois Lobato já apoiara Júlio Prestes em 1930 – impedido de tomar posse. Em 1940, por meio de carta ao ditador, assinalou sistemáticas exigências e dificuldades para o funcionamento de empresas nacionais de petróleo. Preso por subversão (março a junho de 1941), Monteiro Lobato acabou por se aproximar dos comunistas.

A dedicatória é da época em que os ânimos ainda não se encontravam tão acirrados entre essas personalidades do cenário brasileiro. Em seu Diário, no dia 15 de novembro de 1934, Getulio assinala que chamou o escritor para assumir a direção do Serviço de Propaganda, mas este se encontrava muito ocupado com sondagens em busca de petróleo.

João Pio de Almeida, org. (fl. 1928). Borges de Medeiros; subsidios para o estudo de sua vida e de sua obra colligidos por João Pio de Almeida. Porto Alegre: Julio Dias Allend/Livraria do Globo, 1928. 335, [1]., il.; 26 cm.

Dedicatória na página de rosto: Ao Exmo. Snr. Dr. Getulio Dornelles Vargas, illustre Presidente do Estado, como respeitosa homenagem às suas altas qualidades de estadista e com grande e perfeita admiração civica, offerece, Julio Dias Allend, Editor. P. A. 31-1-928.

O livro é publicado logo após Antonio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961) perder o direito à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul (Estado o qual governou por 30 anos), em dezembro de 1927. Apesar da idade avançada para a época, então com 68 anos, Borges de Medeiros ainda participou da Revolução de 1930 e se empenhou na luta pela constitucionalização do país em 1932, conforme nos traz Carlos Dias: “Em virtude dessa atitude, ele viria a sofrer um duro golpe pessoal: o exílio político que o afastou do Rio Grande do Sul, dos seus familiares e amigos por cerca de dois anos”. Com o Estado Novo em 1937, teve seus direitos políticos cassados, mas retornou à vida pública em 1946 por meio da União Democrática Nacional, partido que fazia oposição a Getulio Vargas.

Joaquim Nabuco (1849-1910). Um Estadista do Imperio, Nabuco de Araujo; sua vida, suas opiniões, sua época. Rio de Janeiro: H. Garnier, [s. d.]. 3 v., il.; 25 cm.

Dedicatória na p. V, v. 1: Ao Dr. Getulio Vargas, meu grande amigo, com a admiração de sempre. João Pinto da Silva. P. Alegre, 19-3-929.

O gaúcho João Pinto da Silva (1889-1950) foi jornalista, promotor público, historiador, editor da Livraria do Globo e diplomata. Foi secretário de Vargas durante sua gestão como Ministro da Fazenda e no governo do Estado do Rio Grande do Sul.

João Pinto da Silva também dedicou a Vargas outro livro.

Emílio Fernandes Souza Docca (1884-1945). A Convenção Preliminar de Paz de 1828; these formulada pelo Primeiro Congresso de Historia Nacional do Uruguay... São Paulo: Rossetti Ltda, 1929. [4], vi, 260 p.; 19 cm.

Dedicatória do autor na falsa página de rosto: Ao presado e distincto [...] Dr. Getulio Vargas, como homenagem de muita admiração e velha estima de Souza Docca. Campo Grande-Matto Grosso 28 III 29.

Segundo o general e historiador militar gaúcho Emílio Fernandes de Souza Docca, a formação histórica do Rio Grande do Sul teve caráter eminentemente português. Docca defendeu a intervenção militar na Banda Oriental por crer que os habitantes do (hoje) Uruguai, nas primeiras décadas do século XIX, deveriam se integrar à política expansionista luso-brasileira.

Innocencio Borges da Roza (fl. 1928). Manual de Teoria e Pratica do Processo Penal. Porto Alegre: Oficinas Graficas Livraria do Globo, 1928. 3 v.; 23 cm.

Dedicatória na página II, v. 1: Ao eminente homem publico Dr. Getulio Vargas como prova de subido apreço e elevada estima, oferece o seu amigo e antigo companheiro de curso academico Innocencio Borges da Roza. Porto Alegre, Agosto de 1929.

O autor foi jurista e desembargador.

Encontrado no volume 2 cartão com os dizeres: Distinto col. e amº. Dr. Coelho de Sousa, Saudações. É portador deste Innocencio Borges da Roza (este nome em carimbo).

José Julio Martins (n. 1866). Silveira Martins. Rio de Janeiro: Typ. São Benedicto, 1929. [4], 425, [3] p., il.; 25 cm.

Assinatura na página [4]: SMartins.

Dedicatória na página de rosto: Ao Dr. Getulio Vargas illustre Presidente do Rio Grande do Sul, vulto de destaque da política brasileira, com as melhores homenagens, off. o Autor. Rio, 31/8/29.

O autor era filho do líder federalista Gaspar Silveira Martins, fundador do Partido Federalista do Rio Grande do Sul em 1892. Gaspar era contrário à constituição desse Estado, inspirada no positivismo e no presidencialismo adotados por Julio de Castilhos e os castilhistas, do Partido Republicano Rio-Grandense (favoráveis à filosofia de Comte de pequenas pátrias). José Julio foi responsável pela remoção dos restos mortais de seu pai de Montevidéu para o Rio Grande do Sul em 1920. O enterro se constituiu em grande protesto oposicionista, por ter sido colocada, sobre o caixão, a bandeira brasileira sem a legenda positivista “Ordem e Progresso”.

João Pinto da Silva (1889-1950). A Provincia de São Pedro (Interpretação da historia do Rio Grande). Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo, 1930. [8], XIV, 8-211, [1] p.; 20 cm.

Dedicatória na página [7]: Ao eminente sr. dr. Getulio Vargas, a quem os fados reservaram a funcção de emodelador do Brasil, affectuosa homenagem do João Pinto da Silva.

Ver outra dedicatória de Silva aqui.