A inauguração do Palácio do Catete como sede da Presidência da República aconteceu em 24 de fevereiro de 1897, uma quarta-feira, dia do sexto aniversário da Constituição de 1891. O anfitrião da cerimônia foi o vice presidente Manuel Vitorino, pois o titular Prudente de Moraes estava licenciado por razões médicas. Foi Moraes quem tomou a decisão de mudar a sede da presidência do Palácio do Itamaraty, no centro do Rio, para o Palácio Nova Friburgo, no Catete, recentemente comprado pela União. O fato de o Catete ser um bairro residencial, aristocrático e à beira do mar era tido como vantagem sobre o velho centro da cidade, região de comércio e habitações populares, cuja arquitetura e ruas dos tempos coloniais não se adequavam à “modernidade” da qual os membros da elite republicana desejavam ser as representantes.
Durante todo aquele dia 24 de fevereiro, milhares de pessoas haviam se reunido na Rua do Catete para acompanhar os preparativos da festa e a chegada dos convidados. Em alguns pontos da multidão ao redor do Palácio, houve até batalhas de confete e serpentina, afinal dali a alguns dias começaria o Carnaval de 1897. Ao cair da noite foi ligada a iluminação elétrica do interior do Palácio, que tinha sua própria usina de eletricidade a carvão. Como a luz elétrica ainda era uma relativa novidade na vida urbana carioca, o espetáculo impressionou a todos. A solenidade de inauguração começou às 21 horas, depois que Manuel Vitorino chegou ao Catete no seu landau, um tipo de carruagem de luxo, puxado por quatro cavalos. Quando ele subiu ao salão principal do palácio, a banda militar começou a tocar a ópera O Guarani, do maestro Carlos Gomes, que fazia muito sucesso na época. A cerimônia terminou por volta das 23 horas, quando o vice-presidente e sua esposa Maria Amélia deixaram o Palácio.
Entre 1896 e 1897 o palácio e o jardim haviam passado por reformas, a cargo do engenheiro Aarão Reis de Carvalho, destinadas a adaptar as instalações às necessidades e à estética do poder republicano. No palácio as principais mudanças arquitetônicas foram a inclusão dos símbolos republicanos na fachada e nos salões, além das esculturas femininas em bronze, representando as estações do ano, no topo do edifício. Os espaços internos foram reorganizados para receber o mobiliário e os funcionários da administração civil e militar da Presidência. O jardim foi redesenhado pelo paisagista francês Paul Villon, que adicionou a gruta, as pontes de pedra imitando troncos de árvore, o lago e o rio e o coreto. Outras novidades trazidas pela reforma presidencial foram o chafariz na aleia das palmeiras, as casas dos criados da Presidência, as cocheiras e os aquartelamentos da cavalaria e a usina elétrica.
Dali por diante, o Palácio Nova Friburgo, antiga residência do Barão de Nova Friburgo, passaria a ser nacionalmente conhecido como Palácio do Catete, centro da vida política brasileira até a mudança da capital federal do Rio para Brasília, em 1960.