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Museu da República

DIA DO SAMBA | A República dá samba

publicado: 02/12/2018 07h11, última modificação: 05/12/2018 16h19

No dia 2 de dezembro se comemora o Dia do Samba. A data foi instituída em referência ao encerramento do I Congresso Nacional do Samba, realizado no Estado da Guanabara entre 28 de novembro e 2 de dezembro de 1962. O congresso foi presidido pelo folclorista Edison Carneiro e reuniu compositores, intérpretes, sambistas, e estudiosos do samba. Ao final foi lançada a “Carta do Samba”, redigida por Carneiro, que definia as bases para a defesa do gênero musical como patrimônio cultural e propunha o dia 2 de dezembro como Dia do Samba. No ano seguinte, o Dia do Samba foi instituído em Salvador, Bahia, e hoje em dia é celebrado em várias cidades do país.

O samba é um gênero musical surgido a partir da música, dança e instrumentos musicais dos rituais religiosos africanos. Chegou ao Brasil pela Bahia, junto com os escravos africanos e se difundiu por todo o país por meio do samba de roda baiano, do samba de bumbo do interior de São Paulo, do tambor de congo do Espírito Santo e do tambor de crioula do Maranhão.

No final do século XIX, quando o Rio de Janeiro se tornou capital da República, o samba se desenvolvia sobretudo na região central da cidade, próximo ao porto, ligado sempre aos terreiros das religiões Iorubá, do qual o mais famoso foi o da baiana Tia Ciata na Praça Onze. Diz-se, inclusive, que ela foi chamada ao Palácio do Catete para tratar uma doença na perna do presidente Wenceslau Brás (1914-1918). A reza deu certo e, curado, o presidente permitiu que as festas de samba no terreiro de Ciata acontecessem sem que a polícia impedisse, como era de costume na época.

Nelson Sargento (ao microfone) e Alfredo Del Penho (ao violão), em 2004, na abertura da exposição dos 50 anos da morte de Getúlio Vargas. Antiga e nova geração do samba já se encontraram no Museu da República.
Nelson Sargento (ao microfone) e Alfredo Del Penho (ao violão), em 2004, na abertura da exposição dos 50 anos da morte de Getúlio Vargas. Antiga e nova geração do samba já se encontraram no Museu da República.

Isso porque o samba, “negro, forte, destemido” foi “duramente perseguido na esquina, no botequim e no terreiro”, antes que a “fidalguia do salão” o abraçasse e envolvesse, segundo Nelson Sargento explica na música “Agoniza mais não morre”. Durante o primeiro governo do presidente Getúlio Vargas, a propaganda oficial ajudou o samba a ter expressão nacional por meio do rádio, pois esse gênero musical era visto como um símbolo de brasilidade. Tentou-se até mesmo usar o samba para promover as virtudes do trabalho, em conformidade com a ideologia do Estado Novo (1937-1945).

Abertura da exposição dos 50 anos da morte de Getúlio Vargas no Museu da República. Alfredo Del Penho (ao violão) e Áurea Martins (ao microfone) no Salão Amarelo do Palácio do Catete.
Abertura da exposição dos 50 anos da morte de Getúlio Vargas no Museu da República. Alfredo Del Penho (ao violão) e Áurea Martins (ao microfone) no Salão Amarelo do Palácio do Catete.

As letras do samba falam dos amores alegres e tristes, da fé, das dificuldades e esperanças da gente pobre da cidade e das favelas. Se a vida no morro foi uma consequência histórica das políticas públicas republicanas, com suas reformas urbanas excludentes, o samba se fez “a voz do morro”, “a voz do povo de um país”, como cantava Zé Keti em “Eu sou o samba”.

No Museu da República, o samba já esteve presente diversas vezes em exposições, filmes, palestras e apresentações musicais. Aqui já cantaram e contaram suas canções e histórias grandes nomes como Monarco, Délcio Carvalho, Tantinho, Xangô da Mangueira e vários outros. A história do samba se entrelaça com a história da República e, por isso, ele e seus personagens sempre terão repercussão – e percussão, violão e cavaquinho, claro – no Museu da República.

Salão Amarelo do Palácio do Catete, onde eram realizadas as apresentações musicais, como aquela em que Nair de Teffé tocou um maxixe ao violão, o que escandalizou Rui Barbosa. Foi a primeira vez que um ritmo popular, parente do samba, foi tocado numa recepção oficial da Presidência da República (1914).
Salão Amarelo do Palácio do Catete, onde eram realizadas as apresentações musicais, como aquela em que Nair de Teffé tocou um maxixe ao violão, o que escandalizou Rui Barbosa. Foi a primeira vez que um ritmo popular, parente do samba, foi tocado numa recepção oficial da Presidência da República (1914).