Helio Lobo / Helio Leite Pereira (1883-1960). A Passo de Gigante. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925. XI, [1], 380 p.; 23 cm.
Dedicatória na página de rosto: A Sua Excellencia o Senhor Presidente Dr. Getulio Vargas. Respeitosamente Helio Lobo. Rio, Jan 1930.
Na época em que dedicou seu livro a Getulio, o historiador e ensaísta Helio Lobo era diplomata na Embaixada do Brasil no Uruguai, em 1930. Não tardou muito a se opor ao governo, por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, negando vistos consulares para a embarcação de armas e munições a serem utilizadas contra os revoltosos paulistas. Mesmo assim, continuou a representar o Brasil oficialmente a partir de 1936, após curto período de inatividade. Em 1941, foi novamente afastado por criticar a admissão de Vargas na Academia Brasileira de Letras – ano em que inaugurou a cátedra de português da Universidade de Princeton (New Jersey) e um ano antes de se aposentar do serviço diplomático.
William Sérieyx (n. 1866). Drouot et Napoléon; vie héroïque et sublime du général Drouot. 8. ed. A Paris: Éditions J. Tallandier, 1931. XVI, 278, [2] p.; 21 cm.
Dedicatória no verso do frontispício: Ao papae com toda a afeição Luthero, Jandyra, Alzira, Manoel Antonio, Getulio V. Rio 19/4/931.
No dia de seu aniversário, Getulio narra, em seu Diário, que passou o dia fora, em Areal, regressando à noite e encontrando poucas visitas, alguns presentes e felicitações. “Os jornais do Rio assinalaram com muita simpatia o meu aniversário. Li também as últimas deliberações do Partido Libertador”.
Esse foi o único livro encontrado na Biblioteca do Museu da República com as assinaturas de todos os filhos do casal Getulio e Darcy Vargas. No que diz respeito ao assunto do livro, ao que parece, havia certa predileção de leitura sobre Napoleão Bonaparte por parte do presidente, também notada por títulos similares.
Vocabulário Ortográfico e Ortoépico da Língua Portuguesa; organizado pela Academia Brasileira de Letras e Academia das Ciências de Lisboa. Vocabulário oficial. Rio de Janeiro: Gráfica Sauer, 1932. XLII, [2], 789, [1] p.; 23 cm.
Dedicatória na falsa página de rosto: Ao Exmo. Sr. Dr. Getulio Vargas, a quem deve o Brasil a uniformização e simplificação ortográfica do idioma, oferece a Academia Brasileira de Letras. Gustavo Barroso Presidente. Rio 1/12/32.
O autor da dedicatória foi fundador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional (MHN). Em 1933, aderiu à Ação Integralista Brasileira (AIB), afinado com os ideais da organização dirigida por Plínio Salgado. Apoiou o golpe do Estado Novo em 1937 mas, como o fechamento da AIB por Vargas, colocou-se em oposição ao governo. Foi preso no levante integralista de maio de 1938. Acabou por se desligar da vida política, reassumindo a direção do MHN. Veio a falecer em 1959.
Recueil des Cours 1932, I, tome 39 de la Collection, Académie de Droit International. Paris: Librairie de Recueil Sirey (Société Anonyme), 1932. 817 p., il; 27 cm.
Dedicatória na falsa página de rosto: A Sua Excelência o Senhor Presidente Getúlio Vargas, com as homenagens de aprêço e admiração de Pontes de Miranda.
O alagoano Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda nasceu em 1892. Foi jurista, desembargador, embaixador e o sexto ocupante da Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 8 de março de 1979 (na sucessão de Hermes Lima) e recebido pelo Acadêmico Miguel Reale em 15 de maio (dois meses mais tarde), no mesmo ano de sua morte.
O web site do Instituto Pontes de Miranda registra que Miranda difundiu novos métodos e concepções do Direito no Brasil. O autor ressaltou a valorização dos direitos sociais em sua expressiva contribuição na área de Direito Constitucional.
Armand Ravelet (m. 1875). Saint Jean-Baptiste de la Salle ... Introduction de Mgr D´Hulst. e. ed. rev. cor. Paris: Procure Générale des Frères, MCMXXXIII [1933]. XXXVIII, [2], 626, [2] p.; 30 cm.
Dedicatória na folha de guarda: Á sua Excellencia Dr. Getulio Vargas M. D. Presidente dos Estados Unidos do Brasil, os Irmãos das Escolas Christãs offerecem como expressão do seu respeito e gratidão a biographia do seu Santo Fundador Jean Baptista de la Salle. O Superior Provincial e o Diretor do Instituto São José, Irmão Bernardo, o Diretor do Orphanato “Pão dos Pobres”, Irmão Fidel.
Há outro livro, de 1933, sobre tema religioso, com dedicatória.
Humberto de Campos (1886-1934). Memórias; primeira parte 1886-1900. São Paulo: W. M. Jackson Inc., 1941. 487, [1] p.; 20 cm.
Dedicatória escrita em outro livro, cuja página foi arrancada e colada na página do rosto do presente Memórias: Ao eminente Sr. Dr. Getúlio Vargas, esta homenagem de profunda e comovida gratidão, pela generosidade carinhosa com que amparou, na adversidade e na doença, um pobre escritor que foi seu adversário político, e que, ao oferecer-lhe esta humilde lembrança das suas lutas, póde repetir, consolado, os dois famosos versos de Luiz de Góngora: “Por tu espada y tu trato, me has cautivado dos veces”. Humberto de Campos 12-janeiro-1933.
A primeira edição desse livro é de 1933 onde, possivelmente, foi escrita a dedicatória.
Sobre Vargas, diz sua filha: “Como Deputado e Ministro da Fazenda, freqüentava a Livraria Garnier. Quando Presidente do Estado [Rio Grande do Sul], em seus poucos lazeres era encontrado na Livraria do Globo, em Pôrto Alegre, ponto de encontro dos intelectuais gaúchos. Já Presidente da República, difìcilmente um homem de letras recorria a êle sem ser ouvido. Até mesmo aquêles que eram ou haviam sido seus adversários, não lhe poupando críticas, recebiam dêle todos os favores solicitados ou não. Muitas vêzes, bastava que o informassem: tal escritor está em dificuldades, ou tal outro tem uma aspiração, para que logo procurasse atendê-los” [...] O mais belo agradecimento que jamais recebeu foi o de Humberto de Campos, que guardo como uma preciosidade rara. Em seu livro Memórias pôs a [dedicatória acima]” (Alzira Amaral Peixoto, 1960, p. 224).
Humberto de Campos (1886-1934). Os Párias (crônicas). São Paulo: Livraria José Olympio, 1933. [2], 218, [2] p.; 19 cm.
Dedicatória na falsa página de rosto: Ao exmo. Sr. Dr. Getúlio Vargas, eminente homem de ação, em quem a ação serena revela a intensidade do pensamento, - esta homenagem respeitosa da gratidão sincera e profunda de Humberto de Campos. Rio, 1933.
José Olympio tornou-se editor em 1931 e Os Párias foi o quarto livro editado - e aquele que trouxe verdadeiro sucesso para o negócio. Humberto de Campos bem representou o escritor de grandes vendas que todo editor necessita ao tentar se estabelecer no mercado editorial.
Humberto de Campos (1886-1934). Poesias Completas 1903-1931. 2. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, [1933]. [2], 355, [1] p.; 19 cm.
Dedicatória na folha de guarda: Ao dr. Getúlio que, lendo este livro, sentirá que eu, na minha vaedade de mulher, posso tambem dizer que tive a gloria feliz de inspirar o meu poeta. Senhora Humberto de Campos. Rio-10-1-935.
Stefan Zweig (1881 - 1942). Momentos Decisivos da Humanidade. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, Waissman, Koogan Ltda., 1936. 157, [1] p.; 19 cm. (Últimas Novidades Literárias).
Dedicatória na falsa página de rosto: Á son Excellence Le Président de la Republique de Brazil Dr. Getulio Vargas le plus reconnaissant des visiteurs de Brazil Stefan Zweig.
A dedicatória do autor não possui data, mas foi anterior à sua mudança para Petrópolis, quando ainda era visitante no Brasil. Pode ter sido na ocasião do lançamento de seu livro, já que gozava do prestígio dos acadêmicos - nem todos escritores -, mas não da intelectualidade brasileira. Stefan Zweig veio ao Rio de Janeiro em 1936 pela primeira vez, a convite do recém fundado PEN Clube do Brasil.
A capa original da edição brasileira – inexistente no exemplar da Coleção Getulio Vargas do Museu da República – foi desenhada por Di Cavalcanti.
Stefan Zweig (1881-1942). A confusão dos sentimentos (Notas íntimas do professor R. de D.). Tradução de Elias Davidovich.Rio de Janeiro: Editora Guanabara, [s. d.]. 157, [1] p.; 19 cm.
Dedicatória na p. 1: A son Excellence Le President de la Republique de Bresil Dr. Getulio Vargas avec toute sa gratitude Stefan Zweig.
O casal Stefan Zweig e Lotte Altmann (Elizabeth Charlotte Altmann) se mudou para Petrópolis depois de viver nas cidades inglesas de Londres e Bath e em Nova Iorque, após deixar a Áustria em 1934, devido à ascensão das tropas de Hitler. Antes disso, porém, houve viagens ao Brasil para o autor ministrar palestras – a primeira, em 1936, a caminho da Argentina; a segunda, em 1940. Em 1941, mudou-se em definitivo para Petrópolis. Stefan Zweig morreu na noite de 22 para 23 de fevereiro de 1942, em Petrópolis, desesperançoso com relação aos acontecimentos mundiais futuros, suicidando-se com sua esposa – as manchetes dos jornais de 18 de fevereiro informavam sobre o primeiro navio brasileiro torpedeado por submarinos alemães. O autor austríaco talvez não tenha tido conhecimento da carta que Vargas escrevera a seu pai no dia 5 de fevereiro desse mesmo ano, comunicando a opção brasileira contrária ao Eixo (Alemanha, Itália e Japão), a favor dos Aliados (Inglaterra e França), nem do documento assinado a 28 de janeiro de 1942. Dada a trajetória humanista e pacifista de Zweig, faria sentido um protesto existencial tão expressivo.
Stefan Zweig (1881 - 1942). Joseph Fouché; retrato de um homem politico. Tradução de Medeiros e Albuquerque. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, [s. d.]. VIII, 255, [1] p.; 23 cm.
Dedicatória na p. [I]: A Son Excellence Le President de la Republique de Bresil Dr. Getulio Vargas avec l´expression de son respect et de sa gratitude Stefan Zweig.
Como as demais dedicatórias de Zweig a Vargas, esta não tem data. Sobre o autor, Léopold Stern, em seu livro sobre a morte de Zweig, ressalta as grandes qualidades humanistas desse escritor e conta que, em duas ocasiões, pelo menos, Zweig recusou honrarias para si próprio, em troca solicitando proveitos para desconhecidos, fosse a libertação de dois condenados antifascistas na Itália ou vistos de entrada para refugiados europeus na Argentina.
Stefan Zweig (1881 - 1942). Maria Antonieta. 4. ed. rev. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Waissman, Koogan, Ltds., 1935. [2], 369, [1] p., il.; 23 cm.
Dedicatória na falsa página de rosto: A Son Excellence Le Président de la Republique de Brésil Dr. Getulio Vargas heureux d´avoir vu cet admirable pays et profondement reconnaissant Stefan Zweig.
Abrahão Koogan, da Editora Guanabara, foi um dos mais próximos amigos de Stefan Zweig no Brasil e editor de sua obra completa. Por sorte, adquiriu os direitos exclusivos para a publicação dessa coleção apenas uma semana antes da oferta da Editora Globo.
Stefan Zweig (1881 - 1942). 24 Horas da Vida de Uma Mulher. Romance traduzido por Medeiros e Albuquerque. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Waissman, Koogan Ltda., [1933?]. 156 p.; 19 cm. (Ultimas Novidades Literarias).
Dedicatória na folha de guarda: A son Excellence Le President de la Republique de Brezil Dr. Getúlio Vargas avec sa gratitude et son respect Stefan Zweig.
A edição brasileira é, possivelmente, tradução da primeira obra do autor editada na América Latina: Veinticuatro Horas de la Vida de una Mujer (Santiago do Chile, Editorial Universo), publicada em 1927.
Carlos Saavedra Lamas (1878-1959). Codigo Nacional del Trabajo. Con un prefacio de Albert Thomas. Buenos Aires: Libreria y Editorial “La Facultad”, 1933. 2 v.; 25 cm.
Dedicatória na falsa página de rosto: El ilustre Presidente del Brasil [Doutor?] Getulio Vargas que he [...] todo el afecto [...] para siempre (?). Carlos Saavedra. 29 Mayo de 1935.
Carlos Saavedra Lamas, político argentino, advogado, professor, escritor e diplomata, foi também o primeiro ganhador latino-americano do prêmio Nobel em 1936. Ocupou os cargos de Ministro da Justiça e da Educação e desempenhou papel de destaque no ingresso da Argentina na Liga das Nações, em 1932.
No período de 22 de maio a 3 de junho, Getulio esteve em visita a Argentina e Uruguai, registrando em seu Diário o quanto foi bem recebido por ambos os governos e pelos populares, assim como pela imprensa. “Recebi grande número de presentes, que procurei recusar, constrangido, alguns, por serem de uso puramente pessoal, com menos constrangimento, aqueles que posso incorporar ao patrimônio do Estado através dos museus, dos estabelecimentos de ensino etc.”
Luis de Camões (1524?–1580). Os Lusíadas. Porto: Typograpia Giesecke & Devrient, 1880. [6], XCII, 375p., il.; 40 cm.
Dedicatória na página inicial: Alzirinha. Querendo assignalar a visita de seu bom pae a este presidio, por ter sido o unico Chefe da Nação que, nos quarenta e cinco annos de Republica, visitou esta penitenciária, offereço-te este livro que te lembrará em dias que muito longe hão de vir esta passagem para nós tão auspiciósa. Casa de Correcção, Rio, 24 de Junho 1935 Major Nunes Filho.
Embora a ideia de um sistema penitenciário no Brasil remonte à Casa de Correção da Corte, criada através da Carta Régia de 8 de julho de 1769, foi somente em 1834 que teve início a edificação desse sistema. Era um estabelecimento público, de regime penitenciário, destinado ao cumprimento da pena de prisão celular, com trabalho imposto ao condenado. Em 1941, o Decreto-Lei nº 3.971 transformou a Casa de Correção em Penitenciária Central do Distrito Federal. Durante a Era Vargas, foi um dos principais centros de encarceramento de detentos e prisioneiros políticos. De acordo com Regina Célia Pedroso, após 1930 havia superpopulação das celas e a tuberculose proliferava, sendo as doenças pulmonares a maior causa dos óbitos. Outros presídios mostravam-se, igualmente, inadequados.
Carimbo da Biblioteca Alzira Vargas do Amaral Peixoto.
Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston, conde D´Eu (1842-1922). Viagem Militar ao Rio Grande do Sul (agosto a novembro de 1865). Com prefacio e 19 cartas do Principe Gastão de Orleans, commentadas por Max Fleiuss. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936. 290 p., il.; 19 cm. (Bibliotheca Pedagogica Brasileira, série 5, Brasiliana, 61).
Dedicatória na falsa página de rosto: Ao Exmo. Sr. Dr. Getulio Vargas, homenagem muito respeitosa de Max Fleiuss. Rio de Janeiro, 3 de Agosto de 1936.
Max Fleiuss (1868-1943), historiador, professor e advogado, trabalhou na Diretoria Geral dos Correios, foi redator de debates do Senado Federal, colaborador de vários jornais como o Comércio de S. Paulo, membro das Academias de História de Portugal, Cuba, Alemanha (Munique), Espanha (Madri) e Argentina, das Sociedades de Geografia do Rio de Janeiro e de Lima (Peru), dos Institutos Históricos de todos os Estados brasileiros, grande benemérito e secretário perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Enrique Larreta (1875-1961). La Gloria de Don Ramiro (una vida en tiempos de Félipe II). Ilustraciones de Alejandro Sirio. Buenos Aires: Viau y Zona, MCMXXIX [1929]. [8], 381, [3] p., il.; 29 cm.
Dedicatória na página [5]: Al Excmo. Señor Presidente de la República del Brasil, don Getulio Vargas, a tuyo alto espiritu y a tuya energía salvadora [...] auto débe tu patria; homenaje y recuerdo de Enrique Larreta Buenos Aires 25 de Agosto 1936.
O argentino Enrique Rodríguez Larreta foi escritor e historiador, tendo participado do movimento Modernista em seu país. Serviu como embaixador na França e se dedicou aos estudos da história espanhola. Sua casa é, hoje, o Museu de Arte Espanhola Enrique Larreta.
Exemplar da Coleção Getulio Vargas do Museu da República numerado na página [3] final: 1609.
Sebasteão Cesar Meneses (m. 1672). Summa Politica, offerecida ao Principe D. Theodosio de Portugal. [Rio de Janeiro: J. Leite & C., 19--]. 214 p.; 19 cm.
Dedicatória na página de rosto: Ao Presidente Getulio Vargas, com amizade e respeito off. Gustavo Capanema. No dia 31-XII-1936.
Em 1936 (data da dedicatória do presente livro), Gustavo Capanema estava em seu segundo ano à frente do Ministério da Educação e Cultura, cargo em que permaneceu até o final do Estado Novo, em outubro de 1945. O ministro, já em 1930, apoiara a candidatura de Getulio Vargas à presidência lançada pela Aliança Nacional Liberal - coligação que reunia os líderes políticos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Capanema também liderou a formação da Legião de Outubro (organização mineira com traços programáticos fascistas para suporte à Revolução de 30), juntamente com Francisco Campos e Amaro Lanari.
Exemplar no. 072, pertencente à reimpressão facsimilar com tiragem de 200 exemplares numerados e rubricados pelo editor.
Ex-libris de Alfredo Pujol na contracapa.
Capanema também dedicou a Vargas outro livro.