Instituto Brasileiro de Museu

Museu da República

Republicando: Boletim Mensal – Maio/2016

Republicando: o boletim do Museu da República

Foto do Museu da República: Arquivo do Museu da imagem e do som
Foto: Arquivo do Museu da imagem e do som
Paisagens Culturais
Paisagens cateteanas:
a grande, a miúda

Paisagem é um conceito que se refere a tudo que podemos perceber utilizando um dos nossos cinco sentidos. Todo ambiente terrestre pode ser considerado uma paisagem: o centro de uma grande cidade, uma floresta ou um campo de agricultura. Além de ser uma expressão das práticas humanas ou da ação da natureza, a paisagem é capaz de narrar, através de suas manifestações aparentes ou ocultas, a história daquele espaço. Paisagens naturais são dominadas pelas várias transformações causadas pela natureza, sem nenhuma ou pouca alteração do homem. Paisagens culturais são expressões das atividades humanas.
A partir de 1992, a UNESCO adotou o conceito de paisagem cultural como nova tipologia de reconhecimento de bens culturais. Vinte anos depois, em 2012, reconheceu o Rio de Janeiro como a 1ª área urbana do mundo a receber a chancela de paisagem cultural. Entre os locais valorizados com o título da UNESCO estão o Pão de Açúcar, Aterro do Flamengo, Jardim Botânico, Praia de Copacabana e a entrada da Baía de Guanabara.
O Museu da República vai apresentar durante a 14ª semana de Museus o roteiro “Paisagens do Poder: à esquerda e à direita do Palácio do Catete”, com visitas guiadas pelo bairro do Catete e adjacências, destacando a memória urbana em termos culturais, políticos e poéticos. E a nossa Jornada Republicana desse mês terá o mesmo tema das visitas guiadas, para refletirmos sobre as interferências do poder público na cidade do Rio de Janeiro ao longo da República.
Teremos também, no nosso Cineclube Cinema e História Silvio Tendler, o filme “Esse viver ninguém me tira”, com direção de Caco Ciocler, que conta a história de Aracy Moebius de Carvalho, que foi chefe do setor de passaportes do consulado brasileiro em Hamburgo, na Alemanha, e ajudou vários judeus a emigrarem para o Brasil, escapando do nazismo.
Teremos também a exposição “Vidas Refugiadas”, do fotógrafo Victor Moriyama, sobre mulheres exiladas no Brasil, e as exposições “Memória e Impermanência”, de Sani Guerra, na Galeria do Lago e “Gênese”, de Manoel Novello, no Coreto do Jardim histórico.
Além disso, teremos a “feira de Fotos” da ABAF, Associação Brasileira de Arte Fotográfica e a nossa sempre animada e querida ” Seresta”, com organização dos frequentadores do Jardim Histórico do Museu da República.

Não há como pensar a paisagem do bairro do Catete sem pensar na sua intrínseca relação com a história do Palácio e o seu contexto político. Por essa perspectiva, olhar para o Catete é entender as interferências desse edifício sobre o seu entorno: seus sobrados e casarios em estilo eclético, os hotéis à sua volta, os monumentos artísticos que remetem à simbologia republicana.
Paralela a essa “grande história” do bairro, uma “história miúda” foi registrada não pela ótica de historiadores, mas de intelectuais que com olhar crítico e aguçado olharam para o que parecia velado em meio à efervescência política da primeira metade do século XX: o cotidiano do bairro, seus moradores, trabalhadores, comerciantes. Entre eles, Mário de Andrade e Rubem Braga.
O primeiro, residente à Rua Santo Amaro em 1939, relatou na crônica “Esquina” sua experiência como morador do bairro. Nela, Mário observa a existência de “dois andares” na Rua do Catete – o “térreo” e o “superior” –, distinguindo as diferentes classes que ali convivem. Em seu texto, evidencia-se o caráter transitório de um bairro povoado por “instáveis no trabalho, instáveis na classe (…), instáveis na moradia”. Já Rubem, no poema “Senhor! Senhor!” (1938), nos fala de um encontro “com a Rua do Catete.” Desse encontro, emergem “uma calçada suja e viva”, “o cheiro ruim dos açougues”, “o café da esquina”, tão alheios à movimentação política entre as paredes do palácio.
Passados mais de 70 anos, o Catete de hoje mantém a sua “grande história” exposta entre as salas do palácio. Sua “história miúda”, no entanto, ainda é viva, marcada pelo mesmo caráter transitório de que trataram os dois cronistas. A movimentação de gente pelo comércio, em trânsito pelo metrô, em visita ao museu ou em atividades informais pelas ruas dão à paisagem do bairro uma imagem que lhe é, enfim, cateteana por excelência.

André Luís Mourão de Uzêda

Agenda de Maio
Dias 1 a 8, 10 a 15, 17 a 22, 24 a 29 e 31Seresta no Museu da República
Organizada pelos frequentadores do museu
Local: Pátio Interno
Horários: 17h às 20h (terça a sexta-feira) e
15h às 18h (sábados e domingos)

Dias 7 e 21
Orquestra Villa Lobos e as Crianças
Ensaio no Jardim do Museu da República
Horário: 9h às 14h
Entrada Franca

Dia 19
Cineclube Cinema e História Silvio Tendler
Tema – Segunda Guerra Mundial e seus personagens esquecidos
Filme – “Esse viver ninguém me tira”
Sinopse: Aracy Moebius de Carvalho foi chefe do setor de passaportes do consulado brasileiro em Hamburgo, na Alemanha. Lá conheceu – e se apaixonou – pelo escritor Guimarães Rosa e ajudou vários judeus a emigrarem para o Brasil, escapando do nazismo. Aracy faleceu esquecida, vítima do Alzheimer, mas permanece viva na memória daqueles que só existem hoje graças a sua insubordinação.
Ano: 2014 | Duração: 80 min.
Gênero: Documentário/ Biografia
Direção: Caco Ciocler | Produção: Mônica Monteiro
Após exibição haverá debate com convidados.
Local: Cinema e História Silvio Tendler
Horário: 18h

Dias 20 e 21
Roteiro “Paisagens do Poder: à esquerda e à direita do Palácio do Catete”
Visita guiada pelo bairro do Catete e adjacências, destacando a memória urbana em termos culturais, políticos e poéticos.
Saída às 10h, Pátio interno – Jardim Histórico do Museu da República, acesso pelo portão da Rua Silveira Martins.
Duração: 1h40
Serão organizados dois grupos de 20 pessoas cada.
Não é preciso fazer inscrição antecipada.
Atividade gratuita.
Dia 24
XXXII JORNADA REPUBLICANA
Tema: “Paisagens do Poder: à esquerda e à direita do Palácio do Catete”.
Refletir sobre as interferências do poder público na cidade do Rio de Janeiro ao longo da República tendo como referência o tema da Jornada.
Debate com convidados.
Local: Espaço Multimídia
Horário: 18h
Emissão de certificado de participação.

Dia 29
Feira de Fotos
Organizada pela ABAF – Associação Brasileira de Arte Fotográfica
Local: Aléia da Rua Silveira Martins
Horário: Das 9h às 18h

Exposição “Por um beijo da Guanabara”
Local: Museu da República – 1º andar
Horário: 10h às 17h (de terça a sexta-feira) e 11h às 18h (sábados, domingos e feriados)

Exposição “Memória e Impermanência”, de Sani Guerra
Curadoria: Isabel Portella e Tatiana Martins
Local: Galeria do Lago
22 de maio a 21 de agosto
Horário de visitação: 10h às 12h e das 13h às 17h (terça a sexta-feira) e 11h às 18h (sábados, domingos e feriados)
ENTRADA FRANCA

Exposição: “Gênese”, de Manoel Novello
Curadoria: Isabel Portella
22 de maio a 21 de agosto
Local: Coreto – Jardim Histórico do Museu da República
Horário de visitação: 10h às 12h e das 13h às 17h (terça a sexta-feira) e 11h às 18h (sábados, domingos e feriados).
ENTRADA FRANCA

Exposição: “Vidas Refugidas”, do fotógrafo Victor Moriyama
Local: Jardim Histórico do Museu da República
De 1 de maio a 10 de junho de 2016
Horário de Visitação: 8h às 18h

Visite Roteiros Republicanos
https://museudarepublica.museus.gov.br/exposicoes/roteirosrepublicanos/index.html
MUSEU DA REPÚBLICA | Rua do Catete, 153 | Rio de Janeiro | RJ
tel: 2127 0333 mr@museus.gov.br
museudarepublica.museus.gov.br
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