No dia 2 de dezembro se comemora o Dia do Samba. A data foi instituída em referência ao encerramento do I Congresso Nacional do Samba, realizado no Estado da Guanabara entre 28 de novembro e 2 de dezembro de 1962. O congresso foi presidido pelo folclorista Edison Carneiro e reuniu compositores, intérpretes, sambistas, e estudiosos do samba. Ao final foi lançada a “Carta do Samba”, redigida por Carneiro, que definia as bases para a defesa do gênero musical como patrimônio cultural e propunha o dia 2 de dezembro como Dia do Samba. No ano seguinte, o Dia do Samba foi instituído em Salvador, Bahia, e hoje em dia é celebrado em várias cidades do país.
O samba é um gênero musical surgido a partir da música, dança e instrumentos musicais dos rituais religiosos africanos. Chegou ao Brasil pela Bahia, junto com os escravos africanos e se difundiu por todo o país por meio do samba de roda baiano, do samba de bumbo do interior de São Paulo, do tambor de congo do Espírito Santo e do tambor de crioula do Maranhão.
No final do século XIX, quando o Rio de Janeiro se tornou capital da República, o samba se desenvolvia sobretudo na região central da cidade, próximo ao porto, ligado sempre aos terreiros das religiões Iorubá, do qual o mais famoso foi o da baiana Tia Ciata na Praça Onze. Diz-se, inclusive, que ela foi chamada ao Palácio do Catete para tratar uma doença na perna do presidente Wenceslau Brás (1914-1918). A reza deu certo e, curado, o presidente permitiu que as festas de samba no terreiro de Ciata acontecessem sem que a polícia impedisse, como era de costume na época.
Isso porque o samba, “negro, forte, destemido” foi “duramente perseguido na esquina, no botequim e no terreiro”, antes que a “fidalguia do salão” o abraçasse e envolvesse, segundo Nelson Sargento explica na música “Agoniza mais não morre”. Durante o primeiro governo do presidente Getúlio Vargas, a propaganda oficial ajudou o samba a ter expressão nacional por meio do rádio, pois esse gênero musical era visto como um símbolo de brasilidade. Tentou-se até mesmo usar o samba para promover as virtudes do trabalho, em conformidade com a ideologia do Estado Novo (1937-1945).
As letras do samba falam dos amores alegres e tristes, da fé, das dificuldades e esperanças da gente pobre da cidade e das favelas. Se a vida no morro foi uma consequência histórica das políticas públicas republicanas, com suas reformas urbanas excludentes, o samba se fez “a voz do morro”, “a voz do povo de um país”, como cantava Zé Keti em “Eu sou o samba”.
No Museu da República, o samba já esteve presente diversas vezes em exposições, filmes, palestras e apresentações musicais. Aqui já cantaram e contaram suas canções e histórias grandes nomes como Monarco, Délcio Carvalho, Tantinho, Xangô da Mangueira e vários outros. A história do samba se entrelaça com a história da República e, por isso, ele e seus personagens sempre terão repercussão – e percussão, violão e cavaquinho, claro – no Museu da República.