O trabalho no dia a dia do Centro Pró-Memória da Constituinte passava por inúmeras e bem diferenciadas atividades. A rotina incluía o tratamento do material obtido, referenciamento, indexação, separação por tema, acondicionamento de objetos, cartazes, livros. Foram microfilmados documentos, traduzidas Constituições de vários países, rastreadas pesquisas, recolhidos livros com desdobramentos dos assuntos que cercavam as pautas e sub pautas constituintes, material que foi incluído no acervo e está disponível à consulta aqui no Museu da República.
O acervo que integrou o que chamávamos de centro de documentação da Constituinte foi organizado respeitando-se os fundos documentais. Cada documento recebeu um código alfanumérico, que continha a sigla do fundo e os ordenou sequencialmente. Como instrumento de busca foram elaborados diversos índices, tais como de documento, de assunto, onomástico, de título e geográfico.
No caso da classificação da documentação da Comissão de Estudos Constitucionais, visando recuperar sua estrutura de arranjo original, foi produzido um índice de identificação do documento na estrutura funcional. O acervo total da Comissão de Estudos Constitucionais foi doado ao Programa Pró-Memória da Constituinte por seu presidente, o jurista Affonso Arinos de Mello Franco e, como parte da Coleção Memória da Constituinte, ele pode ser consultado no Museu da República.
Tivemos clientes permanentes, como o Governador de São Paulo, Franco Montoro, ele mesmo um professor de Direito Constitucional, que telefonava com frequência para o Centro pedindo informações sobre a movimentação e a agenda de Brasília e material recentes dos debates constitucionais. Aproveitávamos para tirar nossas dúvidas sobre questões processuais que ele dominava. Alguns meses depois, montamos com o seu sucessor um Centro Pró-Memória da Constituinte em São Paulo, no edifício histórico da Secretaria de Justiça.
Também consulados demandavam documentação para enviar a seus países, como no caso da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e de vários outros. A metodologia do Programa Pró-Memória da Constituinte foi reconhecida como de muita utilidade e ótimos resultados. Éramos visitados, convidados a participar em debates em rádios e televisão.
Em 1988, quando a Colômbia começou a preparar o seu processo de mudança constitucional através de uma Assembleia Constituinte, fui convidada a expor o trabalho que fazíamos no Brasil e discutir com alguns expertos e políticos a viabilidade da instalação de um projeto semelhante em Bogotá. Aceitei o convite e para lá me dirigi, levando bastante material, fotos, filmes, e demonstrando aos vizinhos as possibilidades de desenhar um projeto político aberto à participação dos cidadãos.
Texto: Elizabeth Sussekind (Membro do Centro Pró-Memória da Constituinte)