A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para a região centro-oeste do Brasil já era prevista desde a primeira Constituição republicana, de 1891, que assim dizia no seu artigo terceiro:
“Fica pertencendo à União, no planalto central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabeIecer-se a futura Capital federal.”
O plano se baseava em necessidades estratégicas de defesa e povoação do país, cujo centro-oeste e norte ainda continuavam quase inexplorados no início do século XX. O tema foi retomado nas constituições de 1934 e 1946, mas só seria realizado no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1955-1960). Surgia assim Brasília, cidade em forma de avião e arquitetura modernista, planejada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e erguida pela mão de trabalhadores vindos de todo o Brasil, em especial do Nordeste.
A “Novacap” (nova capital) Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Lá, a residência oficial da Presidência passou a ser o Palácio da Alvorada, substituindo nessa função o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro (a “Velhacap”). Porém, antes de ir para Brasília, JK decretou a transformação do palácio carioca em Museu da República, integrante da estrutura do Museu Histórico Nacional. Os móveis e objetos artísticos que lá estavam passaram a fazer parte do acervo do novo museu, complementado com itens do MHN. No próximo dia 15 de novembro de 2020, o Museu da República completará 60 anos de existência.
Com a transferência da capital federal, a cidade do Rio de Janeiro virou Estado da Guanabara, no mesmo dia 21 de abril. Esses dois fatos foram comemorados com desfiles carnavalescos na Avenida Rio Branco. No entanto, nem todos os cariocas ficaram felizes com as mudanças. Alguns temiam pela perda de importância política da cidade e seu esvaziamento econômico. Outros se viram obrigados, por força do trabalho, a começarem vida nova em Brasília. O mineiro Carlos Drummond de Andrade, há muito tempo morador do Rio, assim resumiu seu sentimento, no poema “Canção do Fico”:
“Rio antigo, Rio eterno,
Rio oceano, Rio amigo,
O governo vai-se? Vá-se!
Tu ficarás e eu contigo.”