Em comemoração ao dia 8 de outubro, Dia do Nordestino, o Museu da República recebe entre os dias 11/10 e 14/10 parte da programação da Semana “Ser Nordestino” e o evento Carioquíssima edição “Ser Nordestino”.
Celebrar a cultura nordestina no Museu da República remonta à própria história do museu, que teve como fundador e primeiro diretor o maranhense Josué Montello, – escritor, historiador e ex-presidente da Academia Brasileiro de Letras -, e que abrigou quatro presidentes nordestinos enquanto sede da Presidência da República – Manoel Vitorino, baiano, Epitácio Pessoa, paraibano, José Linhares, cearense, e Café Filho, potiguar.
Nessas datas, às 15h, o Setor Educativo do Museu da República receberá a todas e todos – nordestinos, cariocas, e brasileiros de todo o país – gratuitamente, para uma visita mediada no Palácio do Catete com o tema “O Nordeste na República”.
Na visita, o público poderá conhecer de modo mais aprofundado as presenças e ausências do estado do Nordeste e seus representantes na história da República e na do próprio Museu. O Museu da República, além de ter sido criado por um nordestino, Josué Montello, e dirigido por ele de 1960 a 1967, foi morada também de presidentes da região enquanto palácio presidencial.
Entre 1919 a 1922, o Palácio do Catete abrigou o presidente Epitácio Pessoa, advogado, paraibano de Umbuzeiro. Epitácio não esteve no Brasil durante a campanha eleitoral, nem no dia da eleição, pois ainda se encontrava em Paris, França, chefiando a delegação brasileira na Conferência de Versalhes, que reuniu os países vencedores da I Guerra Mundial e seus aliados. O próximo nordestino a estar na Presidência da República, ainda que somente por três meses e cinco dias, foi o magistrado José Linhares, nascido em Guaramiringa, Ceará. Ele substituiu Getúlio Vargas, deposto em outubro de 1945. Como Vargas governou sem vice-presidente desde 1930, o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, era o primeiro da linha de sucessão.
O último nordestino a ocupar o Palácio do Catete também substituiu Getúlio Vargas. O advogado Café Filho, nascido em Natal, Rio Grande do Norte, era o vice-presidente da República quando Vargas se suicidou em 24 de agosto de 1954.
A história da República brasileira é também marcada pelo protagonismo de nordestinos. A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889 e coube ao alagoano Deodoro da Fonseca, natural da cidade de Alagoas (hoje, Marechal Deodoro) a responsabilidade de liderar o golpe militar que destituiu a monarquia e implementou o novo regime. O marechal Deodoro foi escolhido o primeiro presidente do Brasil, sucedido por outro marechal alagoano, Floriano Peixoto, nascido em Maceió. Porém, enquanto presidentes, Deodoro e Floriano trabalharam no Palácio do Itamaraty, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
O Palácio do Catete só se tornou sede da Presidência da República em 1897 e seu primeiro ocupante foi o vice-presidente Manoel Vitorino, médico, baiano de Salvador, já que o presidente Prudente de Moraes estava licenciado do cargo por motivos de saúde. Como as pedras nos rins viviam a incomodar Prudente de Moraes, Vitorino teve a oportunidade de ser presidente em mais de uma ocasião. Um jornal de 1897 registrou com humor uma das trocas entre o titular e o vice, que era médico alopata:
“É de crer que o presidente
Que a crise dura maltrata
Da homeopatia descrente
Faça vir um alopata.”
Outros presidentes brasileiros nascidos no Nordeste sucederam-se à mudança da capital brasileira do Rio de Janeiro para Brasília, sendo os mais recentes José Sarney, Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não apenas emblemáticos nordestinos estão representados no acervo do Museu da República. A Coleção Canudos, que registra por meio das fotografias de Flávio de Barros, a Guerra homônima, é parte do acervo do Arquivo Histórico do Museum e declarado Memória do Mundo pela Unesco em 2009. Na coleção testemunham-se as contradições e conflitos presentes na passagem do Império para a República no Brasil.
A programação da Semana “Ser Nordestino” no Museu da República segue abaixo, e contempla música, gastronomia, artesanato, poesia, cordel, dança, apresentações de forró, oficinas, e atividades para crianças, especialmente no dia 12 de outubro.
11/10 QUINTA-FEIRA
12h às 20h – Carioquíssima + Ser Nordestino
14h às 18h – MESA REDONDA: Nordeste: tradição e contemporaneidade
MEDIADOR: Aderaldo Luciano
CONVIDADOS: Bráulio Tavares, Patrícia Porto e Mário Chagas
ENCERRAMENTO COM RODA DE POESIA
15h – Visita Mediada “O Nordeste na República”
12/10 SEXTA FEIRA
9h às 20h – Carioquíssima + Ser Nordestino
9h às 18h – “NORDESTINHOS” atividades para crianças com temáticas nordestinas
10h às 11h30 Oficina temática nordestina com a Trupe Pequena Alegria
13h30 às 15h30 Construção da “Árvore da Vida” pelas crianças
15h – Visita Mediada “O Nordeste na República”
16h às 18h Oficina temática nordestina com o Grupo BOI RAÍZES DE GERICINÓ
ESPECIAL “BRUNCHINHO”, PARA CRIANÇAS!
13/10 SÁBADO
12h às 20h – Carioquíssima + Ser Nordestino
9h às 11h – Concentração no Largo do Machado e Cortejo Cultural
BLOCO DE FORRÓ DO CARAMUELA em direção ao Museu da República. O Bloco de Forró do Rio de Janeiro
Representantes dos 9 estados do nordeste
15h – Visita Mediada “O Nordeste na República”
15h às 16h – República da Poesia
OS GOLIARDOS
Homenagem ASCENSO FERREIRA
Apresentação na GRUTA DO MUSEU
17h até 20h – SHOWS
FORRÓ DO MARÁ
CONTERRÂNEOS
14/10 DOMINGO
12h às 20h – Carioquíssima + Ser Nordestino
15h – Visita Mediada “O Nordeste na República”