O RIO QUE SE QUERIA NEGAR | Habitar: resistir | |||
A exposição“O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds” ficará no Museu da República até o dia 10 de janeiro de 2016. As belas fotos de Anthony Leeds sobre as favelas na década de 60 mostram espaços que ainda estavam sendo ocupados, onde hoje moram milhares de pessoas. Mas a importância da presença do antropólogo norte-americano vai muito além dessa constatação visual. Leeds provocou uma mudança na antropologia brasileira, nos estimulando a pensar sobre a diversidade. Como disse a antropóloga Yvonne Maggie, ele influenciou muito os estudos de favela: “Ele viveu nas favelas e fez uma antropologia na cidade e não da cidade. E isso é muito importante para a gente ver como esta idéia de cidade partida é complicada”. A nossa XXVIII Jornada Republicana deste mês vai debater a cidade nos dias de hoje, com o tema “Nasci no 4º centenário – memórias de favela” E todas as quintas-feiras de outubro teremos o “II encontros livres – Museologia, Memória e Sociedade”, discutindo temas como “Museu em Gilberto Freyre”, “Escutadores de memórias do Museu de Favela” e “Sustentabilidade Inteira e as memórias da cidade partida: Ecomuseu (Dell Delambre)”. Teremos também “Feira de Fotos”, com profissionais da Associação de Fotógrafos do Rio de Janeiro, o projeto “Música no Museu” com o pianista Evan Megaro tocando Chopin, Ravel, Claudio Santoro e Octavio Maul, “A Orquestra Villa-Lobos e as Crianças” no Jardim do Museu, o curso de filosofia “Marx e Deleuze; capitalismo e subjetividade”, ministrado pelo Prof. Bruno Cava, o “CinEncontro” organizado pelo Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça e pelo ISER, tendo como tema os desaparecidos da Ditadura e da Democracia, a nossa “Academia Carioca/Clínica da Família” e a famosa e divertida “Seresta no Museu”, organizada pelos frequentadores do Jardim Histórico. Além disso, teremos o lançamento do documentário “Privatização: a distopia do capital”, no Cineclube Cinema e História Silvio Tendler, com debate após a exibição. |
Ao percorrer as salas de exposição temporária e a aleia de palmeiras imperiais do Jardim do Museu da República, o visitante tem a impressão de estar enveredando pelos becos e vielas de uma favela que não existe mais. Ao mesmo tempo, percebemos que essa favela continua mais viva do que nunca. A ambígua percepção provém da contemplação das delicadas fotografias expostas temporariamente no Museu. As fotos, pertencentes à coleção do antropólogo americano Anthony Leeds, trazem à luz imagens do dia a dia em favelas cariocas, na década de 60. Toda exposição dialoga com o tempo e com o espaço em que ela é instalada. Encontrando abrigo no Museu da República, a exposição “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds” desencadeia uma série de conexões. Tais conexões provocam a reflexão sobre a relação que as imagens captadas por Leeds têm com o processo republicano brasileiro, no que diz respeito à questão habitacional. O enfrentamento do problema da falta de moradia, principalmente após a Revolução de 30, tem se mostrado um desafio permanente para as políticas republicanas brasileiras. Projetos, programas e iniciativas, tais como a Fundação da Casa Popular, os Parques Proletários, o Banco Nacional de Habitação, vão se sucedendo, sem conseguir dar conta do déficit habitacional das camadas de baixa renda. O fenômeno favela é, ao mesmo tempo, o resultado e a resposta a essa recorrente precarização das políticas públicas. É para a favela enquanto complexo fenômeno urbano que o olhar antropológico de Anthony Leeds se volta. Ao invés de focar na obviedade da ausência do Estado Republicano, Leeds prefere se deter na poética do cotidiano das favelas. O antropólogo dá visibilidade ao universo de crianças, mulheres e homens que fazem de seu estar-no-mundo uma tentativa de humanizar e assegurar a variedade do espaço que habitam: um espaço tão contraditório e multifacetado quanto a cidade e a nação que insistem em segregá-lo. Sem perderem seu valor de documento, as fotos de Leeds atuam como fortes deflagradoras de memórias e afetos, o que determina sua atualidade. Burilada por uma sensibilidade antropológica, a poética do cotidiano que emerge das fotos nos faz pensar na favela não apenas como território da precariedade, mas sobretudo como espaço de resistência. Marcelo de Souza Pereira
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Agenda de Outubro | ||||
Dias 1, 8, 15, 22 e 29 (quintas-feiras) Dias 2, 7, 9, 14, 16, 21, 28 e 30 Dia 2 Dia 5 Dias 6, 13, 20 e 27 Dia 6 Dias 16 e 17 Dia 17
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Dia 25 Dia 27 Dia 29
Exposição “Por um beijo da Guanabara” Exposição fotográfica “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds” Exposição “O Grande Tufo de Ervas”, de Pedro Varela e Mauro Piva Seresta no Museu – Dias 1 a 4, 6 a 11, 13 a 18, 20 a 25 e 27 a 31 VISITEM O NOVO SITE DO MUSEU DA REPÚBLICA:
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