Museus e Memórias Indígenas | Através do Espelho | |||
Alguns pesquisadores da presença indígena no Brasil calculam que existiam aproximadamente 5 milhões de índios vivendo livremente nestas terras. Hoje, apenas 400 mil ocupam reservas demarcadas pelo governo.Preservar a memória indígena é fundamental para o patrimônio cultural brasileiro. Os museus têm um papel importantíssimo nesta luta, como aliados e parceiros na preservação e difusão desse patrimônio. O Museu da República vai abrigar várias atividades nesta 9ª Primavera dos Museus, como ações educativas utilizando a escultura da alegoria da América que fica no Jardim Histórico e a nossa Jornada Republicana mensal, que vai discutir o mesmo tema proposto pela 9ª Primavera: “Museus e Memórias Indígenas”. Teremos também a exibição, no nosso Cineclube Cinema e História Silvio Tendler, do filme “Parir é Natural”, que aborda o fato do Brasil ser o campeão mundial de cesarianas. A direção é do cineasta Silvio Tendler e depois do filme haverá debate sobre o tema. E dentro da programação dos 450 anos do Rio de Janeiro, teremos um grande evento chamado: “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds”, com exposição fotográfica e seminário sobre a presença das favelas hoje em comparação com 50 anos atrás. Teremos também as exposições “Intervenções Bradesco ArtRio”, com obras de 18 artistas ocupando o Jardim Histórico do Museu e “O Grande Tufo de Ervas”, na Galeria do Lago. E todas as quintas-feiras, aberto a todos os interessados, os “Encontros Livres – Museologia, Memória e Sociedade”. E também teremos a “Orquestra Villa-Lobos e as crianças”, Curso de Filosofia, com o tema “Marx e Deleuze; capitalismo e subjetividade”, Feira de Fotografias, II Encontro Internacional de Poetas – reunião de poetas de 10 países da CPLP- Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Academia Carioca (acompanhamento de profissional especializado do posto de saúde do Catete) e a nossa já tradicional e animadíssima Seresta no Jardim. |
A curiosidade dos ocidentais em relação aos índios é quase uma obsessão. Isso talvez explique o desejo não apenas de observar, mas fotografar, pintar, esculpir, desenhar e transformar os índios em símbolos e alegorias. Entretanto, a maneira como os primeiros habitantes do Novo Mundo são representados revela muito mais sobre os observadores do que sobre os observados. Quem costuma passear pelo jardim do Palácio do Catete já deve ter observado o conjunto de cinco esculturas que representam os cinco continentes. As peças, em ferro fundido, foram feitas na França, no século XIX, e são de autoria de Mathurin Moreau. Todas elas mostram uma cena de enfrentamento, na qual uma criança subjuga ou ataca violentamente um animal. Para representar o continente americano, o escultor recorreu a duas figuras que, na sua visão, teriam o poder de evocar o continente americano: o índio e a serpente. A que tribo pertence o pequeno índio? Qual a sua história? Difícil dizer, pois estamos diante de uma figura genérica, como se o índio tivesse sido lançado numa dimensão em que foram abolidos o tempo e o espaço. O que chama a atenção no personagem é sua atitude vigorosa: o índio domina com firmeza e brutalidade um elemento da natureza – a cobra, que, indefesa, limita-se a abrir a boca. A mensagem parece clara: o homem é o senhor da natureza. A violência materializada na escultura contrasta com a maneira de os índios conceberem o mundo. De modo geral, na cosmovisão dos indígenas, a natureza não é algo a ser dominado. Por ser concebida como fonte de vida e de seu próprio sustento, os índios desenvolvem uma relação de parceria com ela. Tal atitude contrasta com a do homem ocidental, que construiu para si mesmo uma imagem de dominador da natureza. Vista com os olhos de hoje, a escultura nos convida a repensar os seus significados. Mais do que uma alegoria do continente americano, ela pode ser lida como alegoria da visão dos europeus sobre o território e os habitantes do Novo Mundo. Transformados em espelhos, os índios revelam aos não-índios características que estes têm dificuldade de enxergar. Marcelo de Souza Pereira
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Agenda de Setembro | ||||
Dias 2, 4, 9, 11, 16, 18, 23 e 25 Dia 1 Dias 1, 8, 15 e 29 Dias 8 a 14 Dias 10, 17, 24 Dia 19 Dias 22 e 23 Dia 24 Dia 27
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Dia 27 Dia 28 Dia 29
Exposição “Por um beijo da Guanabara” Exposição “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds” Exposição “O Grande Tufo de Ervas”, de Pedro Varela e Mauro Piva Seresta no Museu – Dias 1 a 6, 8 a 13, 15 a 20, 22 a 27 e 29 a 30 VISITEM O NOVO SITE DO MUSEU DA REPÚBLICA:
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