Instituto Brasileiro de Museu

Museu da República

Republicando: Boletim Mensal – Setembro/2015

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Museus e Memórias Indígenas Através do Espelho

Alguns pesquisadores da presença indígena no Brasil calculam que existiam aproximadamente 5 milhões de índios vivendo livremente nestas terras. Hoje, apenas 400 mil ocupam reservas demarcadas pelo governo.Preservar a memória indígena é fundamental para o patrimônio cultural brasileiro.

Os museus têm um papel importantíssimo nesta luta, como aliados e parceiros na preservação e difusão desse patrimônio.

O Museu da República vai abrigar várias atividades nesta 9ª Primavera dos Museus, como ações educativas utilizando a escultura da alegoria da América que fica no Jardim Histórico e a nossa Jornada Republicana mensal, que vai discutir o mesmo tema proposto pela 9ª Primavera: “Museus e Memórias Indígenas”.

Teremos também a exibição, no nosso Cineclube Cinema e História Silvio Tendler, do filme “Parir é Natural”, que aborda o fato do Brasil ser o campeão mundial de cesarianas. A direção é do cineasta Silvio Tendler e depois do filme haverá debate sobre o tema.

E dentro da programação dos 450 anos do Rio de Janeiro, teremos um grande evento chamado: “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds”, com exposição fotográfica e seminário sobre a presença das favelas hoje em comparação com 50 anos atrás.

Teremos também as exposições “Intervenções Bradesco ArtRio”, com obras de 18 artistas ocupando o Jardim Histórico do Museu e “O Grande Tufo de Ervas”, na Galeria do Lago.

E todas as quintas-feiras, aberto a todos os interessados, os “Encontros Livres – Museologia, Memória e Sociedade”.

E também teremos a “Orquestra Villa-Lobos e as crianças”, Curso de Filosofia, com o tema “Marx e Deleuze; capitalismo e subjetividade”, Feira de Fotografias, II Encontro Internacional de Poetas – reunião de poetas de 10 países da CPLP- Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Academia Carioca (acompanhamento de profissional especializado do posto de saúde do Catete) e a nossa já tradicional e animadíssima Seresta no Jardim.

A curiosidade dos ocidentais em relação aos índios é quase uma obsessão. Isso talvez explique o desejo não apenas de observar, mas fotografar, pintar, esculpir, desenhar e transformar os índios em símbolos e alegorias. Entretanto, a maneira como os primeiros habitantes do Novo Mundo são representados revela muito mais sobre os observadores do que sobre os observados.

Quem costuma passear pelo jardim do Palácio do Catete já deve ter observado o conjunto de cinco esculturas que representam os cinco continentes. As peças, em ferro fundido, foram feitas na França, no século XIX, e são de autoria de Mathurin Moreau. Todas elas mostram uma cena de enfrentamento, na qual uma criança subjuga ou ataca violentamente um animal. Para representar o continente americano, o escultor recorreu a duas figuras que, na sua visão, teriam o poder de evocar o continente americano: o índio e a serpente.

A que tribo pertence o pequeno índio? Qual a sua história? Difícil dizer, pois estamos diante de uma figura genérica, como se o índio tivesse sido lançado numa dimensão em que foram abolidos o tempo e o espaço. O que chama a atenção no personagem é sua atitude vigorosa: o índio domina com firmeza e brutalidade um elemento da natureza – a cobra, que, indefesa, limita-se a abrir a boca. A mensagem parece clara: o homem é o senhor da natureza.

A violência materializada na escultura contrasta com a maneira de os índios conceberem o mundo. De modo geral, na cosmovisão dos indígenas, a natureza não é algo a ser dominado. Por ser concebida como fonte de vida e de seu próprio sustento, os índios desenvolvem uma relação de parceria com ela. Tal atitude contrasta com a do homem ocidental, que construiu para si mesmo uma imagem de dominador da natureza.

Vista com os olhos de hoje, a escultura nos convida a repensar os seus significados. Mais do que uma alegoria do continente americano, ela pode ser lida como alegoria da visão dos europeus sobre o território e os habitantes do Novo Mundo. Transformados em espelhos, os índios revelam aos não-índios características que estes têm dificuldade de enxergar.

Marcelo de Souza Pereira

Agenda de Setembro

Dias 2, 4, 9, 11, 16, 18, 23 e 25
Academia Carioca/Clínica da Família
– atividades de ginástica laboral, com acompanhamento de profissional especializado do Posto de Saúde do Catete
Local: Jardim Histórico do Museu da República
Horário: 9h às 10h30

Dia 1
Projeto Música no Museu
– no programa, Clássicos Internacionais com o músico Pablo Lapidusas ao piano
Local: Auditório Apolônio de Carvalho
Horário: 12h30 às 14h

Dias 1, 8, 15 e 29
Curso de Filosofia “Marx e Deleuze; capitalismo e subjetividade”,
ministrado pelo Prof. Bruno Cava
Local: Auditório Apolônio de Carvalho
Horário: 18h às 20h

Dias 8 a 14
Intervenções Bradesco ArtRio
– instalações de diversos artistas
Local: Jardim Histórico do Museu da República
Horário: 16h30

Dias 10, 17, 24
II Encontros Livres Museologia, Memória e Sociedade

Local: Espaço Multimídia
Horário: 18h às 21h

Dia 19
Orquestra Villa-Lobos e as crianças (ensaio)

Local: Jardim Histórico do Museu da República
Horário: 9h30 às 14h

Dias 22 e 23
Seminário “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds”

Local: Auditório Apolônio de Carvalho e Espaço Multimídia
Horário: Dia 22 de setembro das 16h às 19h e Dia 23 de setembro das 9h30 às 19h

Dia 24
Cineclube Cinema e História Silvio Tendler – exibição do filme “Parir é Natural”,
documentário de Silvio Tendler. Em seguida, debate com a presença de convidados.
Local: Cineclube Cinema e História Silvio Tendler (Espaço Multimídia)
Horário: 18h

Dia 27
Feira de Fotografias
– exposição de fotos com profissionais da Associação de Fotógrafos do Rio de Janeiro
Local: Aleia paralela à Rua Silveira Martins
Horário: 8h às 18h

Dia 27
II Encontro Internacional de Poetas
– reunião de poetas dos 10 países da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Local: Auditório Apolônio de Carvalho
Horário: 15h às 20h

Dia 28
Projeto Cinencontro
– “Os desaparecidos da ditadura e da democracia” – exibição de documentário seguida de debate com promotores e defensores públicos. Realização do Coletivo/RJ Memória, Verdade e Justiça
Local: Espaço Multimídia
Horário: 18h30 às 21h

Dia 29
XXVII Jornada Republicana
– mesa-redonda com a presença de convidados abordando o tema da 9ª Primavera dos Museus “Museus e Memórias Indígenas”.
Local: Espaço Multimídia
Horário: 18h


Exposição “Por um beijo da Guanabara”
Local: Museu da República – 1º andar
Horário: 8h às 18h

Exposição “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds”
Local: Sala de Exposições Temporárias do Museu da República (exposição de fotografias)
Visitação: de 22 de setembro (inauguração 19h) a 17 de janeiro de 2016

Exposição “O Grande Tufo de Ervas”, de Pedro Varela e Mauro Piva
Curadoria: Isabel Sanson Portella
Local: Galeria do Lago – Museu da República
Abertura: 8 de setembro, 16h30
Visitação: de 8 de setembro a 17 de outubro de terça a sexta-feira, das 10h às 12he das 13h às 17h, sabados, domingos e feriados, das 11h às 18h
Entrada Franca

Seresta no Museu – Dias 1 a 6, 8 a 13, 15 a 20, 22 a 27 e 29 a 30
Local: Museu da República – pátio interno
Terça a sexta-feira – de 17h às 20h
Sábados e domingos – de 15h às 18h


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museudarepublica.museus.gov.br