Instituto Brasileiro de Museu

Museu da República

Obras de mestre do barroco baiano brilham no Palácio do Catete

publicado: 17/08/2023 11h51, última modificação: 01/12/2023 15h31

Em parceria com o Museu Nacional de Belas Artes, o Museu da República recebe no Salão Nobre do Palácio do Catete cinco pinturas setecentistas de um dos grandes mestres do barroco brasileiro: José Joaquim da Rocha (1737-1807).

As obras são originárias da antiga Igreja de São Pedro, na Freguesia de São Pedro Velho Extramuros, em Salvador, foi demolida em 1913. Como muitas obras de mestres barrocos, desapareceram ou foram adquiridas por particulares, sendo hoje praticamente desconhecidas do público. As obras do Mestre José Joaquim da Rocha são provenientes de uma coleção particular, adquirida no âmbito do Projeto Movimento de Aquisição de Obras para Museus Brasileiros. O projeto teve início este ano na Bahia, com a aquisição de uma imagem de Nossa Senhora do Presépio, datada do Séc. XVII, para o Museu Palácio da Sé, em Salvador. Chega agora ao Rio com o barroco do Mestre José Joaquim. A aquisição das obras teve o patrocínio do Instituto Cultural Vale.

José Joaquim da Rocha (1737-1807) é considerado um dos grandes mestres do Barroco nacional. Foi fundador da Escola Baiana de Pintura e influenciou duas gerações de continuadores, que preservaram princípios da sua estética até meados do século XIX. Entre as suas obras mais notáveis consta a “Glorificação da Imaculada Conceição”, pintura no teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador, considerada sua obra-prima. O conjunto das cinco pinturas, que serão agora incorporadas ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes, são: Alegoria Agnus Dei; Alegoria Pelicano; David tocando harpa; Sacerdote oferecendo pão e vinho e Sumo Sacerdote de Israel. Elas ficarão expostas até outubro no Museu da República, como parte do programa de intercâmbio de acervos do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Foto: Heitor Penchel/Ibram

A inauguração

A cerimônia da chegada das obras ao Palácio do Catete contou com as presenças do colecionador Itamar Mussi; do presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto; da presidenta do Ibram, Fernanda Castro; do diretor do Museu da República, Mario Chagas; da diretora do Museu Nacional de Belas Artes, Daniela Matera; e do ex-diretor do MNBA, Paulo Herkenhoff. Todos discursaram na pré-abertura da exposição, na manhã do dia 15/8.

Em seu discurso, o diretor do Museu da República destacou:  

“Por pelo menos quatro bons motivos a exposição destas obras no Museu da República faz todo sentido:

1º A Igreja de São Pedro Velho foi demolida logo no início da República e de seus questionáveis desejos de ordem e progresso;

2º As cinco obras existem no aqui e agora, têm presença objetiva na República, são uma indicação potente de que o passado continua tendo existência no presente, logo não passou de todo e continua vivíssimo na atualidade.

3º A aquisição e a doação das referidas obras para uma instituição pública federal fazem parte dos gestos republicanos transformadores.

4º O Museu da República recebeu no dia 21 de setembro de 2020 o acervo Nosso Sagrado, composto por 519 objetos sagrados de religiões de matriz afro-brasileira, resultado de perseguições policiais ocorridas durante os primeiros cinquenta anos da República. A transferência dos objetos sagrados afro-brasileiros para o Museu da República foi uma decisão das lideranças religiosas. Assim, receber hoje a exposição de cinco obras do Mestre José Joaquim da Rocha, que nos apresenta aspectos da arte sacra judaico-cristã é importantíssimo para colocar os sagrados em diálogo, ao amparo da República. É importante que os Sagrados conversem entre si e nos ajudem a combater o racismo religioso. As religiões afro-brasileiras continuam sendo perseguidas na contemporaneidade.”

Mario Chagas (diretor do Museu da República), Daniela Matera (diretora do MNBA), Itamar Mussi, Fernanda Castro (presidenta do Ibram), Hugo Barreto e Paulo Herkenhoff. Foto: Marcos Rodrigues / Meio e Imagem

Sobre o Projeto Movimento de Aquisição de Obras para Museus Brasileiros

O Projeto Movimento de Aquisição de Obras para Museus Brasileiros teve início na Bahia, em abril deste ano, com a aquisição de uma imagem de Nossa Senhora do Presépio, datada do século XVII, para o Museu Palácio da Sé, em Salvador. Agora chega ao Rio de Janeiro com o conjunto de pinturas de José Joaquim da Rocha.

Com o desaparecimento de igrejas e construções do Brasil Colônia, muitas obras de mestres barrocos como José Joaquim da Rocha e José Theophilo de Jesus foram destruídas ou adquiridas por particulares. E muitos museus do país têm carência desse acervo historicamente tão rico e fundamental. O Museu Nacional de Belas Artes é um exemplo importante: sua pinacoteca oferece um panorama singular sobre a pintura brasileira, mas até agora não possuía obras da relevante Escola Baiana de Pintura.

Reprodução: Vicente de Mello / Meio e Imagem

SERVIÇO

  • Exposição José Joaquim da Rocha – O Mestre da Escola Baiana de Pintura
  • De 16 de agosto a 1º de outubro de 2023, no Salão Nobre do Palácio do Catete, Museu da República (Rua do Catete, 153, Rio de Janeiro).
  • Horário: de terça a sexta, de 10 às 17h. Aos sábados, domingos e feriados, 11h às 17h
  • Entrada gratuita.